
Carlos Ghosn da Glória à Fuga
Carlos Ghosn da Glória à Fuga ascensão nas montadoras à fuga cinematográfica do Japão
Carlos Ghosn é uma figura controversa no mundo corporativo. Reconhecido como um dos executivos mais brilhantes da indústria automobilística, ele também se tornou o protagonista de um dos episódios mais dramáticos do mundo empresarial: sua espetacular fuga do Japão em 2019. A trajetória de Ghosn mistura sucesso, poder, acusações criminais e uma fuga que parece ter saído de um filme.
Início da vida e carreira
Sua carreira começou na Michelin, onde rapidamente se destacou, chegando à presidência da Michelin América do Norte. Em 1996, foi contratado pela Renault, a montadora francesa, e se tornou uma peça-chave na reestruturação da empresa
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O “Salvador” da Nissan
Em 1999, a Renault adquiriu uma grande participação na japonesa Nissan, que estava à beira da falência. Carlos Ghosn foi enviado ao Japão para liderar uma reviravolta na montadora. Com cortes agressivos de custos, fechamento de fábricas e mudanças culturais profundas, Ghosn conseguiu o impossível: salvou a Nissan da bancarrota e fez dela uma das empresas mais lucrativas da indústria.
Seu sucesso foi tão grande que ele ficou conhecido como “Le Cost Killer” e “Super CEO”. Em 2005, tornou-se o primeiro estrangeiro a liderar simultaneamente duas grandes montadoras: Renault e Nissan. Em 2016, ele também assumiu o comando da Mitsubishi Motors, formando a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
As acusações no Japão
Em novembro de 2018, Carlos Ghosn foi preso ao desembarcar no aeroporto de Tóquio, acusado de:
Subnotificar sua remuneração à bolsa de valores.
Uso indevido de recursos da empresa para fins pessoais.
Transferência de prejuízos financeiros próprios para a Nissan durante a crise de 2008.
Ele negou todas as acusações, alegando que era vítima de uma conspiração dentro da Nissan para impedir uma maior integração com a Renault, algo que incomodava parte da cúpula japonesa.
Ghosn passou meses em prisão preventiva e depois foi libertado sob fiança, mas com severas restrições, incluindo a proibição de deixar o Japão.
A fuga espetacular
Em 29 de dezembro de 2019, Carlos Ghosn chocou o mundo ao aparecer no Líbano, país do qual também é cidadão. A forma como ele escapou do Japão foi digna de um roteiro de Hollywood:
Ele teria se escondido dentro de uma caixa usada para equipamentos de som, com furos para permitir a respiração.
A caixa foi levada por cúmplices até um jato particular que decolou do aeroporto de Kansai, no Japão.
O avião fez uma escala na Turquia antes de chegar ao Líbano, onde Ghosn está até hoje, protegido por leis locais que impedem sua extradição para o Japão.
Carlos Ghosn da Glória à Fuga
Desde então, Carlos Ghosn vive em Beirute e continua afirmando que é inocente. Ele deu diversas entrevistas, publicou livros e lançou documentários para contar sua versão da história. Segundo ele, tudo foi uma tentativa de golpe corporativo orquestrado por membros da Nissan, com o apoio de autoridades japonesas.
Enquanto isso, vários cúmplices da fuga, como o ex-Boina Verde Michael Taylor e seu filho Peter Taylor, foram julgados e condenados no Japão.
Carlos Ghosn foi, por décadas, um símbolo de competência e liderança global. Sua queda, no entanto, expôs os bastidores sombrios de grandes corporações, choques culturais entre empresas e sistemas judiciais muito diferentes. Seja visto como um herói injustiçado ou um executivo corrupto, sua história é uma das mais fascinantes e polêmicas do mundo empresarial recente.